sábado, 23 de janeiro de 2010

LEVIATÃ

Relato o visto de hoje, com o sol a pino, que foi um leviatã. O mamífero máximo de nossa era abalroou-Nos. A estebordo pensei tratar-se de rochas, mas fora uma baleia de corcóva.
Não houve avarias, mas a besta marinha, por momentos, permaneceu parada diante de meus olhos, ainda com a fuça debruçada sobre meu olhar, talvez pensando "o que será esta besta de ventre duro que me pára à frente? Será um sonho? Será um predador?" Ah que vontade de ter podido conversar com ela e ter aprendido o que ela sabe sobre tudo isso que é viver sem limites de compreensão.
Momentos depois, imaginei que ela estivesse apenas esperando alguma palavra minha, qualquer coisa. Então eu disse a ela (ou ele), como quem tenta se desculpar de algo pouco profundo:

- Pois é, acontece! - disse eu, com ar amistoso.

Neste momento senti que ela entendera, e ela submergiu para longe da luz. Ficou o redemoinho na face líquida e espumante do Mar.

2 comentários:

Mário Mariones disse...

sabia sentença, ainda mais proferida num ar amistoso.

Mário Mariones disse...

sábia*