domingo, 23 de novembro de 2008

Feitos para isso

Justo. É bem justo sentir isso agora, nesta etapa da jornada. Eu, pela janelinha, ainda posso ver o que resta de terra ao meu redor, e isso será a minha última visão de continente por longos meses. Vou olhar mais uma vez para ver que palavra vem à mente.

Adeus. Pesa demais esta expressão quando é dita por alguém que está com um Barco no Mar com esperança quase nula de encontrar aquela peça que poderá trazer um lampo para esta penumbra que é a minha sobrevivência. Qualquer pessoa que me der um motivo para agir de forma impensada já faz com que meus ânimos se alegrem. Isso não é vida humana. Pareço mais um mercenário, sendo comprado e vendido por serviços pecaminosos. Tenho agido pelas mentes insanas de meus convivas de terra. Devo mudar, voltar a ser quem eu era.

Após este pequeno relato de um momento nostálgico de olhar para trás (literalmente) fecharei os olhos e tentarei imaginar o que eu gostaria de encontrar logo que terminar minha jornada. É, não vejo nada concreto. Tudo muito confuso, pareço não saber exatamente os meus desejos. Mas, enfim, não convém a mim decidir isso, cabe ao Mar.

É pensando assim que devo agora levantar-me, ir para o Convés e guiar-me observando o Oceano. É loucura pensar que não posso mais voltar para trás. Não sei o que me espera. Particularmente acho que não haja mais nada além de água, pois, se houver terra além dos limites que vejo, ela estará fora do meu alcance. Eu não terei forças para transpor a barreira da distância. O Mar me guia, o Vento me empurra. Eles foram feitos para isso.

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